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domingo, 9 de janeiro de 2011

Genealogia

ÁRVORE GENEALÓGICA DE ROBERTO OSORIO DA COSTA LIMA

Esta árvore genealógica está sendo desenvolvida por Roberto Osorio da Costa Lima, tendo como fontes de informações: blog do professor Ademir Heleno Araujo Rocha, depoimentos, documentos oficiais etc.

Roberto Osório da Costa Lima nasceu em Belém do Pará, no dia 17 de abril de 1945, às 10 horas e foi registrado no Cartório do 3º Ofício, Comarca de Abaetetuba, no Pará, às folhas 118 e Vº, do livro A 29, número de ordem 13 018, como tendo nascido na cidade de Abaetetuba/PA, conforme consta de Certidão de Nascimento. Filho de Chile da Costa Lima e Veriana Costa Lima, já falecidos.

Origem e histórico da cidade de Abaetetuba

O distrito de Beja foi o berço da colonização de Abaetetuba. Por volta de 1635, padres capuchos vindos do Convento do Una em Belém, após percorrerem os rios da região, juntaram-se a uma aldeia de tribos nômades.O aglomerado foi chamado de Samaúma e depois batizado de Beja por Francisco Xavier de Mendonça Furtado.
Francisco de Azevedo Monteiro é considerado, no imaginário popular, o fundador, pois chegou para tomar posse desse território como proprietário de uma sesmaria. Na beira do rio Maratauíra, num local protegido das marés pela ilha de Sirituba e nas proximidades do sítio Campompema e da Ilha da Pacoca, fundou um pequeno povoado, em 1724
O município de Abaetetuba, foi desmembrado do território da capital do estado em 1880, de acordo com a Lei nº 973, de 23 de março que também constituiu o município como autônomo. Um ano depois, em 1881, o presidente interino da Câmara em Belém, José Cardoso da Cunha Coimbra instalou no município a Câmara Municipal de Abaeté.O nome primitivo do município era Abaeté que, na língua tupi, significa homem verdadeiro. Por meio do Decreto Lei nº 4.505, de 30 de dezembro de 1943, foi instituído o nome Abaetetuba. Atualmente, o município é composto pelos distritos de Abaetetuba (sede) e Beja. Abaetetuba em seu traçado e nas construções urbanas, cresceu às margens do Rio Maratauíra (ou Meruú), um dos afluentes do rio Tocantins. Seu povo é alegre, hospitaleiro, criativo, politizado e, sobretudo, apaixonado por sua terra. Abaeté, na língua Tupi, significa "homem forte, valente, prudente e ilustre". Abaetetuba diz a fartura deste tipo de homem e mulher forte, valente e corajoso.
Cerimônia de Instalação da cidade de Abaetetuba
Algumas pessoas de sobrenome Lima presente no ato de Instalação da então cidade de Abaeté, no dia 15/08/1895:
Samuel Antonio Mac-Dovell de Lima
Olympio da Silva Lima
Olyntho da Silva Lima
João Sulpício de Lima
Trajano Ayres de Lima
Genésio Augusto de Lima
Caetano dos Santos Lima
Ernesto Cardoso de Lima
Bento da Cruz Lima
Simão da Costa Lima
Leopoldo Anísio de Lima

Raízes de Risoleta Lima Araujo (Sinhá)

PRIMEIRA GERAÇÃO

Primeira Geração: Antonina de Lima e Felippe Nery da Costa, oriundos da localidade Costa Maratauíra, deram origem a família Nery da Costa em Abaeté/PA.

SEGUNDA GERAÇÃO

Segunda Geração: Leopoldo Anísio de Lima era filho de Antonina de Lima e Felippe Nery da Costa. Geração que deu origem a uma das vertentes da família Lima de Abaeté/PA.

Leopoldo Anísio de Lima nasceu no povoado de Abaeté, no ano de 1855, na Vila de Abaeté/PA e faleceu em 19/02/1924, com 69 anos de idade, em sua residência, à Praça Nossa Senhora da Conceição, na Trav. Pedro Pinheiro Paes, onde se localizava uma panificadora denominada Milton, cujo proprietário era o trineto Mário Fernando da Silva Pontes. Leopoldo Anísio de Lima era um político atuante e comerciante muito rico dono de muitos bens na Vila de Abaeté. Como político foi vogal da Intendência de Abaeté por seis legislaturas consecutivas, de 1891 a 1908. Ajudou muito seu meio-irmão Emygdio Nery da Costa a elevar a então Vila de Abaeté à condição de cidade, fato ocorrido em 15/08/1895.

Citações históricas:

Como vogal da Intendência de Abaeté esteve presente à Instalação da cidade de Abaeté em 15/08/1895 e foi um dos assinantes da Ata de Cerimônia de Instalação.
Citação de 1922: O Capitão Leopoldo Anísio de Lima com pagamento de imposto de valor locativo de 15$000, por um imóvel sito na Praça da República, em Abaeté. O Capitão Leopoldo Anísio de Lima com pagamento de imposto de valor locativo de 9$000, por um imóvel de sua propriedade, na então Praça da República, atual Praça Francisco de Azevedo Monteiro, em Abaeté.

Leopoldo Anísio de Lima fez parte do Conselho de Intendência do Município (espécie de Junta Governativa) por seis gestões consecutivas, de 1891 a 1908, ocupando a função de Vogal do Conselho de Intendência de Abaeté. Ajudou a formar essa Câmara de Vogais, uma espécie de Câmara de Vereadores:

De 1891 a 1894, vogal na gestão do Intendente Manoel João Pinheiro;
De 1894 a 1896, vogal na gestão do Intendente Emygdio Nery da Costa;
De 1896 a 1900, vogal na gestão do Intendente Padre Francisco Manoel Pimentel;
De 1900 a 1902, vogal na gestão do Intendente Tenente Coronel Torquato Pereira de Barros;
De 1902 a 1906, vogal na gestão do Intendente Dr. João Evangelista Correa de Miranda; e
De 1906 a 1908, vogal na gestão do Intendente Hygino Maués.

Leopoldo Anísio de Lima era alto e de cor branca, casou com Maria do Carmo de Lima (Mariquinha) era baixa e morena, de aparência indígena miscigenado. Tiveram sete filhos: Benvinda de Lima, Bruna, Joana, Anízio Alvim de Lima, Maria Lima (Maroca Lima), Antonina Lima (Antonica) e Leopoldo Anísio de Lima Filho (Pudico).
 
Maria do Carmo de Lima (Mariquinha) nasceu às margens do rio Curuperé, no município de Abaeté/PA, em 16/07/1853 e faleceu no dia 29/06/1937 com 84 anos, 11 meses e 13 dias, em sua residência à Praça Nossa Senhora da Conceição, em Abaeté/PA, hoje Travessa Pedro Pinheiro Paes e propriedade dos herdeiros de seu neto Emiliano de Lima Pontes. Em 26/10/1925, como viúva Leopoldo Anísio de Lima, reivindicou junto ao Intendente Lindolpho Cavalcante de Abreu, através de Raimundo Leite Lobato, pagamento de pensão, pelos longos anos na função de vogal da intendência, de seu marido.

TERCEIRA GERAÇÃO

Filhos de Leopoldo Anísio de Lima e Maria do Carmo de Lima (Mariquinha):

Anísio Alvim de Lima chegou a ser seminarista, era comerciante, funcionário público na prefeitura, viajante marítimo. Fisicamente era magro, moreno, baixinho, conversista, de temperamento ranzinza, temperamental, inteligente e de memória privilegiada. Seus filhos e netos herdaram seus traços físicos e comportamentais. O comércio de Anísio Alvim de Lima foi montado por seu pai, Leopoldo Anísio de Lima, já que este era muito rico.

Anísio Alvim de Lima nasceu no dia 29/10/1888 e faleceu no dia 07/08/1954 e foi sepultado no Cemitério de Nossa Senhora da Conceição, em Abaetetuba/PA, onde, posteriormente, foram sepultados os restos mortais de seus filhos Chile da Costa Lima, Samaritana Irecê da Costa Lima e Leopoldo Anisio de Lima Neto. Casou com Joventina da Costa (Nenê), que faleceu em 1956. Tiveram cinco filhos: Chile da Costa Lima (Chile), Samaritana Irecê da Costa Lima (Samá), Leopoldo Anísio de Lima Neto (Leopoldo), Terpândolo da Costa Lima (Terpândalo) e Rui da Costa Lima.

O Nome de Anísio Alvim de Lima aparece em vários documentos de 1918 a 1931.

Em 1922, como proprietário de engenhoca e carro de garapa (garapeira) à Rua Justo Chermont, em Abaeté;

Em
1927, como proprietário da Casa Samaritana, à Rua Justo Chermont, em Abaeté/Pa, que vende o Mel Sirituba, o mais famoso mel de cana, fabricado por Luciano A. dos Santos.

Em 1931, como proprietário de comércio à Rua Justo Chermont, em Abaeté/PA.

Em 1940, participava das sessões cívico-literárias, em Abaeté/PA.
Anísio Alvim de Lima e seus filhos eram (são)  inteligentíssimos, conversistas, argutos, de memória privilegiadas, verdadeiras enciclopédias ambulantes, especialmente Leopoldo Anísio de Lima Neto e Samaritana Irecê da Costa Lima (Samá)

Obs.: Leopoldo Anísio de Lima e Maria do Carmo de Lima (Mariquinha) tiveram outros filhos

QUARTA GERAÇÃO

Filhos de Anísio Alvim de Lima e Joventina da Costa Lima (Nenê):
Chile da Costa Lima, nasceu no dia 04/04/1916 e faleceu no dia 27/01/1989 e foi sepultado no Cemitério de Nossa S. da Conceição, em Abaetetuba-Pa, junto com os restos mortais de seu pai Anísio Alvim de Lima e, posteriormente, de seus irmãos, Samaritana Irecê da Costa Lima (Samá) e Leopoldo Anísio de Lima Neto (Leopoldo).

Chile da Costa Lima era de família católica, fez a 1ª Comunhão, porém, aderiu às idéias comunistas desde jovem, quando foi estudar em Belém/PA, na Escola do Liceu Paraense, hoje Colégio Paes de Carvalho. Foi nessa escola que ele assimilou os ideais socialistas e comunistas que o acompanharam a vida inteira.

Chile da Costa Lima, ao assumir sua condição de comunista, ateu e agnóstico convicto, causou escândalo na conservadora cidade de Abaeté/PA, onde a maioria absoluta da população era de católicos conservadores. Defendeu suas idéias com ardor revolucionário, tendo, inclusive, colocando os nomes e apelidos de seus filhos em homenagens aos líderes comunistas, mundiais ou nacionais: Luiz Carlos Prestes de Lima (Luiz), Roberto Osorio da Costa Lima (Zhukov), Haroldo Henrique da Costa Lima (Lênin), Jorge Amado de Nazaré Lima, Olga Leocádia de Nazaré Lima, Zélia Krupskaia de Nazaré Lima, Vanja Heloisa de Nazaré Lima, Vanda Janaina de Nazaré Lima, Glorianita de Nazaré Lima, Chile da Costa Filho, Dalcídio Jurandir de Nazaré Lima, Celso Rubens de Nazaré Lima, Paulo Cícero de Nazaré Lima. Quando a primeira esposa faleceu, causou grande escândalo ao mandar pintar o túmulo de cor vermelha, que fugia totalmente à tradição das pinturas de sepulturas, azuis e brancas.

Os ideais políticos de Chile da Costa Lima renderam-lhe expulsões de colégios onde estudava e prisões várias vezes, inclusive sendo fichado pelo governo da época. Estudou, também, no Colégio Pará-Amazonas. Foi preso em 1936, aos 20 anos de idade. Seu pai, Anísio Alvim de Lima, era muito conhecido, com bons relacionamentos no meio político. Os padrinhos de seus filhos eram personalidades da vida política: Dr. Malcher, padrinho de Rui da Costa Lima, Magalhães Barata, padrinho de Samaritana Irecê da Costa Lima e Abel Chermont, padrinho do. Por causa das amizades do pai, sempre que era preso, subornava ou ameaçava carcereiros e logo depois, era solto ou fugia. Numa das vezes em que foi preso, Chile da Costa Lima disse ao Dr. Malcher, que era mesmo comunista. Passou seus ideais comunistas a muitos de seus descendentes.

Chile da Costa Lima ficou viúvo de Veriana Costa Lima e casou pela segunda vez com Consuelo de Nazaré Paixão, que passou a chamar-se Consuelo de Nazaré Lima, nascida em 04/02/1937, no cartório de São Sebastião da Boa Vista, no estado do Pará. Tiveram os filhos: Jorge Amado de Nazaré Lima, nascido em 02/02/1953, Olga Leocádia de Nazaré, nascida em 29/01/1955, Zélia Krupskaia de Nazaré Lima, nascida em 03/02/1957, Vanja Heloisa de Nazaré Lima, nascida  em 05/04/1959, Vanda Janaina de Nazaré Lima, nascida em 16/02/1961, Glorianita Valentina de Nazaré Lima, nascida em 08/02/1963,  Dalcídio Jurandir de Nazaré Lima, nascido em 29/05/1965, Chile da Costa Filho, nascido em 04/08/1967, Celso Rubens de Nazaré Lima, nascido em 04/04/1969 e Paulo Cícero de Nazaré Lima, nascido em 01/08/1071; sabe que Chile teve outros filhos com amantes.

Chile da Costa Lima, sua esposa Consuelo de Nazaré Lima e seu filho Roberto Osorio da Costa Lima saiam às noites para pixar e colar nos postes e paredes de órgãos públicos, folhas de cartolina, contendo críticas, denúncias, esclarecimentos etc., alertando a população sobre as arbitrariedades das autoridades locais, regionais  e nacionais.

Samaritana Irecê da Costa Lima (Samá) nasceu no dia 07/02/1923 e faleceu no dia 10/06/2002. Samá conheceu Joana Lima Soares, irmã de seu pai, que foi embora para Belém e nunca mais voltou à Abaeté. Uma filha de Joana, de nome Marocas morava no Bairro Cidade Nova e tinha uma sobrinha casada com Emanuel de Melo Mesquita, que trabalhava na Rádio Marajoara. Jardelina, neta de uma irmã de Maroca, sabe onde Maroca Soares morava em Belém. Samá e s/irmão Terpândolo são aposentados e moram em Belém/PA, perto do Arsenal de Guerra.
Samá na entrevista disse que alguns parentes da família Lima residem na vizinha cidade de Igarapé-Mirim/PA, como Dirceu e Nazareno.

Rui da Costa Lima, foi servir ao Exército Brasileiro, deu baixa e voltou para Abaeté. Aos 20 anos de idade foi embora e nunca mais deu notícias. Rui ficou escandalizado porque seu irmão Chile da Costa Lima casou com Veriana da Costa Lima, parente de sua família.
Leopoldo Anísio de Lima Neto nasceu no dia 29/11/1932 e faleceu no dia 12/03/2005 e foi sepultado no Cemitério de Nossa Senhora da Conceição, em Abaetetuba/PA, junto com os restos mortais de seu pai Anísio Alvim de Lima e de seus irmãos, Chile da Costa Lima e Samaritana Irecê da Costa Lima (Samá). Era inteligentíssimo, arguto e de memória privilegiada. Trabalhou como “tirador de peixe” e em um hotel da cidade de propriedade de Ormi Gama da Silva. Casou com Maria do Socorro Magno Ferreira e tiveram os filhos: Fábio Magno Ferreira Lima e Renato Magno Ferreira Lima e moravam na Rua Siqueira Mendes, na cidade de Abaetetuba/PA, próximo ao Mercado de Carne.

Terpândolo da Costa Lima nasceu no dia 23/06/1936 e mora na rua de Óbidos, no bairro do arsenal em Belém/PA.

QUINTA GERAÇÃO

Filhos de Chile da Costa Lima e Veriana Costa Lima, primeira esposa: Luiz Carlos Prestes da Costa Lima (Luiz), Roberto Osorio da Costa Lima (Zhukov) e Haroldo Henrique da Costa Lima (Lênin).

Obs.: o Luiz mandou tirar o Prestes do nome, segundo o próprio, por dificuldades de conseguir emprego em pleno regime militar.

Roberto Osorio da Costa Lima (Zhukov), casou com Nair Soares Ferreira e tiveram dois filhos: Karla Krupskaia Ferreira Lima e Roberto Guevara Ferreira Lima.

Atividades Profissionais

Trabalhou, como "balanceiro", feirante, vendeu pasteis, broas crosket, linguiça etc. nas ruas e feiras de Abaetetuba/Pa. Foi professor de Matemática, Física, Química, Estatística e Educação Física nos colégios de Abaetetuba/Pa e Bragança/Pa, deu aulas particulares de Portugues, Francês etc. Bancário, trabalhou na CEF, lotado nas agências de Itaituba, Abaetetuba, Bragança e Belém, todas no estado do Pará, São Paulo/SP e Rio de Janeiro/RJ.

Atividades políticas estudantis

Estudante, participou da fundação da União dos Estudantes de Abaetetuba (UEA). Organizou passeatas estudantis em Abaetetuba/PA, participou da luta e conquista da Casa dos Estudantes de Abaetetuba, em Belém/PA, onde foi o primeiro diretor.

Professor foi eleito presidente do centro cívico do então Ginásio Bernardino Pereira de Barros (GBPB). Incentivou os alunos do Instituto Santa Terezinha, na cidade de Bragança/Pa, a reativarem e mudar o nome do então Centro Cívico Marechal Floriano para Centro Cívico Santa Terezinha.

Atividades políticas partidárias

Incentivado por Edir Cardoso Paes e Chile da Costa Lima, falecidos, filiou-se ao então MDB, quando foi candidato a cargo eletivo pela primeira vez. Esqueçam essa parte (risos)!

Participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), em Abaetetuba/Pa, Belém/Pa e Bragança/Pa. Foi eleito o primeiro presidente do diretório municipal e o primeiro candidato a prefeito pelo PT em  Abaetetuba. Foi várias vezes candidato: prefeito, vereador, deputado estadual e Federal, mas nunca se elegeu.

Em um dia qualquer de junho de 1981, provavelmente um sábado à noite , mais ou menos às 19: 00 hs, estávamos na mesa do bar do Antônio do "Gidonda", atual "Mercado Dohara", quando um estranho se aproximou.

PS: Como sempre encontrava-me com o "Trica", "Gury" etc. nos finais de semana, deduzo que eles estavam presente. Para ser mais preciso, pretendo consulta-los brevemente.

Como estava dizendo, um estranho se aproximou e perguntou: quem de vocês é o professor Zhukov?

Por alguns minutos, ficamos calados e na minha cabeça passaram cenas de filmes e revistas em quadrinho (gibis), pelas quais eu era "fissurado" e papai odiava¹. Naquele momento, lembrei-me da famosa frase mexicana, traduzida: "como te chamas? Pedro. Buum! Chamavas-te".

Esperando pelo pior, pensei: quem não deve não t(r)eme. Só que na visão de uma sociedade moralista, conservadora etc. eu devia muito pelo meu passado² nas ruas, nas escolas etc.

Segurando pelo gargalo uma garrafa de refrigerante e observado por todos à mesa, finalmente tomei a iniciativa: sou eu. Por que?

O estranho se identificou, dizendo: sou Roberto Alves, professor de história em Belém. Estou aqui como representante de um partido político. Não sei se já ouviram falar de um novo partido político, que está sendo criado a partir de São Paulo, exclusivamente por trabalhadores na maioria dos e municípios brasileiros e blá, blá.

Educadamente pedimos que sentasse e se explicasse melhor e ele o fez: o partido que estamos criando a partir de São Paulo e em vários estados e municípios, chama-se Partido dos Trabalhadores. Como ja lhes disse é um partido novo e prá ele se viabilizar é necessário um certo número de estados e dentro dos estados um certo número de municípios, para concorrer às eleições, lançando candidatos a presidente, governador, prefeito etc. Já estive em vários municípios e, aqui estou pela quinta vez. Fiz vários contatos e reuniões com algumas pessoas, tentando criar uma Comissão Provisória. As pessoas participantes nunca são as mesmas. Faço esplanação, respondo perguntas, mas todas às vezes que tentei, encontrei resistências para assinarem as fichas de filiação. Penso que por não me conhecerem, desconfiam. Resumindo: após várias reuniões, não consegui nenhuma assinatura. Pra ser mais preciso, tenho três fichas³ preenchidas por estudantes de Abaetetuba, que moram em Belém.

Após algumas horas de conversas, sobre vários assuntos, combinamos nos encontrarmos no dia seguinte, quando sairíamos para fazermos as filiações necessárias.

Observação 1: acredito que o Roberto Alves me procurou, por indicação do papai. Vide blog Portal de Abaetetuba: www.portaldeabaetetuba.blogspot.com

No dia seguinte, eu e Roberto Alves, saímos às ruas e visitamos várias casas de alunos, ex-alunos e seus familiares. Alguns desses filiados, filiaram outros. No final do dia tínhamos conseguido mais de uma centena de filiados, pouco mais que o necessário para legalizar o Diretório Municipal do partido. À noite de domingo, viajei à Belém e na madrugada seguinte à Bragança, onde morava e trabalhava.

Alguns dias depois das filiações, encontrava-me em Bragança, quando recebi uma ligação do Roberto Alves, que se encontrava em Abaetetuba, dizendo que o Bertino, "um carroceiro", tinha sido escolhido Presidente da Comissão Provisória do PT

Na semana seguinte o Roberto Alves me ligou novamente para comunicar que tinha sido realizada, uma reunião com algumas dezenas de filiados e eu tinha sido escolhido, por unanimidade, Presidente do Diretório Municipal do PT. Perguntou-me se eu aceitava. Ponderei que morava em Bragança e nos finais de semana viajava à Belém, onde residiam a esposa e a filha Karla, que tinha pouco mais de um ano de nascida. Ele argumentou que, mesmo morando fora, poderia ser o Presidente, pois meu domicilio eleitoral era em Abaetetuba etc. etc. e repetiu que eu tinha sido escolhido por unanimidade dos filados participantes. Finalmente, concordei, sem ter a mínima idéia das consequências.

Observação 2: acredito que a escolha para ser Presidente, deveu-se as condições: o mais conhecido, ninguém tinha coragem de assumir, prestígio na camada mais esclarecida da população etc.

Viajava todos os finais de semana, às sextas-feiras, à noite, de Bragança à Belém e aos sábados, pela manhã, de Belém à Abaetetuba, aos domingos, à noite de Abaetetuba à Belém e segunda-feira, de madrugada, de Belém à Bragança, onde morava, trabalhva de dia na CEF e, à noite, lecionava no colégio Santa Terezinha.

Nos primeiros anos de fundação do PT, em Abaetetuba, as reuníões eram realizadas, ordinariamente, aos sábados e, esporadicamente, aos domingos na casa de papai, à Tv. Emídio Nery da Costa, 623 e, posteriormente, nas casas de outros filiados. Discutíamos os mais variados assuntos à exaustão. Algumas vezes com a presença de representantes do Diretório Regional que faziam palestras sobre capitalismo, socialismo, comunismo etc. etc. Também discutíamos as tarefas para a semana seguinte, com o intuito de viabilizar o crescimento do partido. Todos tinham direito a vez, voz e voto e as decisões da maioria eram respeitadas e cumpridas Como atividades práticas fazíamos visitas às residências e comércios, conversando e distribuindo panfletos, fazíamos comícios e bingos relâmpagos nas ruas e nas praças etc. etc. etc. Quase tudo que era decidido nas reuniões, era colocado em prática, com muita dificuldade, pois além das condições financeiras precárias, tínhamos que enfrentar agressões verbais de entidades conservadoras e moralistas e lutar contra uma sociedade conformista e indivíduos obedientes etc. etc. etc. Éramos estigmatizados como ateus, comunistas, "baderneiros", aliciadores etc. Aos "trancos" e "barrancos" conseguimos nos impor aos nossos algozes, que de alguma forma se beneficiam hoje do modo petista de governar.

Observação 3: Hoje muita gente se arvora a dizer que participa do PT desde a fundação e que andou comigo fazendo filiações. Posso afirmar que os que construiram, raramente o fazem e quando o fazem é com muito orgulho.

Observação 4: Posso dizer que em Bragança, participei ativamente de todas as etapas da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT): filiações, criação da Comissão Provisória e do Diretório Municipal e a legalização etc.
 

Tenho orgulho de ter participado ativamente da construção do Partido dos Trabalhadores (PT).


¹ papai era ateu, comunista, militante clandestino do PCB


PRISÃO EM ABAETETUBA
Com  a deposição do prefeito Dr. Francisco Leite Lopes, eleito pelo povo de Abaetetuba, assumiu o interventor Mariaudir.  Uma das primeiras arbitrariedades que adotou foi mandar matar porcos nas ruas da cidade.
Um cidadão conhecido como Pedro, que foi “Guarda” do Banpará saia atirando pelas ruas da cidade. Certo, em frente da casa do “carregador Traça", ao lado da Igreja Assembleia de Deus, algumas crianças estavam brincando e num dado instante passaram uma porca acompanhada de vários filhotes. Eu e mais alguns amigos passávamos pelo local, quando percebemos o "Guarda" apontando uma espingarda de chumbinho para os animais, corremos pra cima dele e eu gritei mais ou menos isso: "TU ESTÁS DOIDO? NÃO ESTÁS VENDO AS CRIANÇAS?” Foi quando  ele apontou a arma pra mim. O Jango, filho do Tabajara Belo, deu-lhe uma gravata. Tomei-lhe a arma e a joguei em um matagal, ali onde hoje funciona o Escritório de Contabilidade do Magno. Enquanto o guarda procurava a arma, nos saímos do local. Fui para casa e em menos de uma hora bateram à porta o guarda e mais dois policiais. Fui à cozinha, peguei um terçado e voltei, desafiadoramente. O papai percebeu a movimentação, veio à porta, contei-lhe o que houve, Os policiais disseram que eu tinha de ir à delegacia. Queriam me levar de qualquer maneira. Eu disse que não iria ao lado de policiais. Papai negociou e eles me deixaram ir à frente e viriam bem atrás...Quando chegou em frente à Igreja Matriz, os dois policiais, sem que eu percebesse, se aproximaram e me pegaram pelos braços, um de cada lado. Tentei  resistir, mas não consegui me desvencilhar e fomos assim mesmo. Acontece que algumas pessoas perceberam e foram  atrás. Quando entrei na delegacia pessoas gritavam: "solta", "solta" "solta".  O prédio da Delegacia ficava em frente à casa e hotel da D. Maria Coroa. Entrei mais ou menos às 11 horas na sala do delegado. De pés, eu e os dois policiais, frente ao delegado, sentado atrás de uma mesa, perguntou-me se eu estava armado. Antes que os policiais tentassem me revistar, levantei a camisa. O delegado pediu-me que sentasse e contar o que houve e, dirigindo-se aos policiais pediu que se retirassem. Um escrivão (se não me falha a memória, o “Boca Cheia”) datilografava...  Após algumas anotações e antes de chamar os policiais para me recolher, o delegado, dirigindo-se a mim, falou: “Conheço o seu pai e também já ouvi falar de você. Quem determinou sua prisão foi o prefeito...”. Chamou os policiais, que me levaram à cela, onde fui recolhido. Na cela vizinha estava o Olavo Sena, que me perguntou:  “Professor o que houve...?”.  E, brincando, dizia: “não se preocupe,  logo mais a mamãe trás o almoço pra nós dois...”. De vez em quando entravam pessoas para me “visitar” e me diziam que estavam se “virando” junto às autoridades para me libertar. Alguns chegavam a dizer: “Se for preciso usaremos a força...”. Segundo o Cláudio Sereni, a operação envolveu centenas de pessoas, principalmente estudantes, que faziam manifestações em frente à delegacia, prefeitura e da casa do Interventor.  Ex-prefeitos foram contatados e finalmente, mais ou menos às 16 horas fui libertado. A travessa Siqueira Mendes estava totalmente tomada, principalmente de estudantes. Quando saí, ouvia a gritaria: Zhukov, Zhukov, Zhukov.


INVASÃO DO CAMPO DA AVIAÇÃO

MARCHA DOS EXCLUÍDOS

DIRETAS JÁ